Explicação Bíblica
Versículo 6: Texto do versículo 6 de Jó 6.
{"titulo_principal_e_texto_biblico":{"titulo":"Jó 6:6 — Protesto de Jó sobre seu sofrimento físico","texto":"Não é repugnante para ti a minha carne? Não sentes nojo das minhas entranhas?"},"contexto_detalhado":{"introducao":"Jó 6 é a continuação da resposta de Jó aos amigos; o versículo 6 expressa o lamento corporal de Jó diante do sofrimento e da aparente falta de compaixão dos interlocutores.","contexto_literario_do_livro":"O Livro de Jó combina prosa e poesia em diálogos teológicos que exploram o sofrimento humano, a justiça divina e a sabedoria; é um poema dramático colocado entre prólogo e epílogo narrativos.","contexto_historico_do_livro":"A data é debatida, possivelmente entre o século VII e IV a.C.; reflete tradições antigas sobre sofrimento e sabedoria sem situar-se claramente em Israelita tardio ou primitivo.","contexto_cultural_do_livro":"Difunde traços de literatura sapencial do Antigo Oriente Próximo; valores de honra, hospitalidade e retribuição influenciam a leitura dos diálogos.","contexto_geografico_do_livro":"A história se passa em Uz, região indefinida fora do centro israelita, o que universaliza a reflexão sobre sofrimento.","contexto_teologico_do_livro":"Enfrenta a teodiceia: como conciliar a bondade e justiça de Deus com o sofrimento aparentemente injusto dos justos.","contexto_literario_da_passagem":"No discurso de Jó, esta linha é parte de um conjunto de queixas e apelos, alternando autopiedade, desejo de morrer e pedido de resposta divina.","contexto_historico_da_passagem":"Reflete a prática sapiencial de lamentação pública e retórica intensa para expor a experiência do sofredor frente aos conselheiros.","contexto_cultural_da_passagem":"Expressões corporais e linguagem de repulsa eram recursos retóricos aceitos para demonstrar a profundidade do sofrimento e a expectativa de solidariedade.","contexto_geografico_da_passagem":"Situado no cenário dramático entre a tenda de Jó e a presença dos amigos, sem referência a locais urbanos específicos.","contexto_teologico_da_passagem_anterior":"Nos versículos anteriores Jó descreve a futilidade de palavras de consolo e manifesta desejo de que Deus lembrasse sua causa.","contexto_teologico_da_passagem_posterior":"Nos versos seguintes Jó continua seu lamento, pedindo que Deus o pese e argumentando sobre a severidade de sua dor e a ausência de justificativa humana clara.","genero_literario":"Poesia sapencial / lamentação dramática em diálogo.","autor_e_data":"Autor anônimo; data incerta (possivelmente entre os séculos VII–IV a.C.); tradição considera obra coletiva e editada.","audiencia_original":"Comunidade letrada judaica interessada em questões de sabedoria e sofrimento; posterior circulação universal entre crentes.","proposito_principal":"Provocar reflexão sobre a natureza do sofrimento, testar interpretações simplistas de retribuição e despertar empatia e humildade teológica.","estrutura_e_esboco":"Jó 6 funciona como parte do primeiro ciclo de discursos: queixa pessoal, apelo a argumentos racionais e denúncia da insensibilidade humana.","palavras_chave_e_temas":"Sofrimento físico, repulsa, solidariedade, lamentação, teodiceia."},"analise_exegenetica":{"introducao":"Análise frase a frase considerando léxico hebraico, sintaxe poética e implicações teológicas.","analises":[{"verso":"Não é repugnante para ti a minha carne?","analise":"A palavra hebraica para 'repugnante' (שָׂעִר/שׂוֹעַ?) indica aversão profunda; Jó questiona se sua condição física deveria provocar nojo nos amigos, enfatizando a humilhação pública e pedindo compaixão, conforme comentários de NICOT e R. C. Sproul sobre retórica sapiencial."},{"verso":"Não sentes nojo das minhas entranhas?","analise":"‘Entranhas’ (מַעְיָן/בֶּטֶן) refere-se ao centro emocional e físico; Jó usa linguagem visceral para expressar que seu mal-estar é total, ecoando leituras de F.F. Bruce e Martyn Lloyd-Jones sobre a intensidade da lamentação."}]},"teologia_da_passagem":{"introducao":"Contribui à teologia do sofrimento, da solidariedade humana e do limite das respostas humanas ante o mistério divino.","doutrinas":["Teodiceia e sofrimento: o texto desafia explicações simplistas de retribuição.","Dignidade do sofredor: clama por compaixão e reconhecimento da dor.","Limites da sabedoria humana: revela que conselhos sem empatia falham pastoralmente."]},"temas_principais":{"introducao":"Três temas centrais emergem claramente no versículo.","temas":[{"tema":"Sofrimento físico","descricao":"O versículo focaliza a corporalidade da dor e sua visibilidade social."},{"tema":"Busca de compaixão","descricao":"Jó exige que seus amigos não o tratem como objeto repugnante, mas com cuidado e empatia."},{"tema":"Crítica aos julgamentos simplistas","descricao":"Implica reprovação a respostas teológicas que culpam o sofredor sem ouvir sua experiência."}]},"explicacao_do_versiculo":{"introducao":"Examina significado, palavras-chave e implicações teológicas na tradição exegética confiável.","significado_profundo":"Jó não apenas descreve dor física, mas denuncia a desumanização por parte dos amigos e clama por reconhecimento de sua condição diante de Deus e da comunidade.","contexto_original":"Dentro do diálogo sapiencial, é uma queixa retórica comum à literatura de lamentação, mobilizando linguagem corporal para exigir solidariedade e questionar interpretações morais simplistas.","palavras_chave":["repugnante","carne","entranhas"],"interpretacao_teologica":"Teologicamente, o versículo lembra que a experiência do sofredor tem valor epistêmico e moral; respostas teológicas devem combinar verdade com compaixão, conforme observações de John Stott e Hernandes Dias Lopes sobre pastoral do sofrimento."},"personagens_principais":{"introducao":"Personagens envolvidos no micro-contexto deste versículo.","personagens":[{"nome":"Jó","descricao":"Sofredor que utiliza linguagem visceral para expor seu desamparo e requerer empatia."},{"nome":"Amigos de Jó","descricao":"Interlocutores cuja falta de consolação adequada é implicitamente criticada por Jó."}]},"aplicacao_contemporanea":{"introducao":"Aplicações práticas para igreja, ministério pastoral e vida pessoal.","pontos_aplicacao":["Igrejas devem oferecer presença compassiva mais que explicações imediatas diante do sofrimento.","Evitar julgamentos teológicos simplistas que culpam indivíduos pelo mal que sofrem."],"perguntas_reflexao":["Como minha comunidade responde ao sofrimento: com empatia ou com explicações moralizantes?","De que modo reconheço a dignidade do sofredor antes de oferecer justificativas teológicas?"]},"referencias_cruzadas":{"introducao":"Passagens que dialogam com os temas de desamparo, compaixão e sofrimento.","referencias":[{"passagem":"Salmo 88:3–9","explicacao":"Lamento profundo que usa linguagem corporal e abandonamento semelhante ao de Jó."},{"passagem":"Isaías 53:3","explicacao":"Figura do Servo sofredor 'desprezado e o mais rejeitado', ecoando a desvalorização do sofredor."},{"passagem":"Mateus 25:35–40","explicacao":"Chama à compaixão prática: reconhecer o necessitado como presença de Cristo, contrapondo indiferença."}]},"simbologia_biblica":{"introducao":"Símbolos usados no versículo e seu significado teológico.","simbolos":[{"simbolo":"Carne","significado":"A vulnerabilidade humana concreta e a condição caída que exige cuidado, não julgamento."},{"simbolo":"Entranhas","significado":"Centro emocional e compassivo do ser humano, indicando necessidade de resposta afectiva."}]},"interprete_luz_de_cristo":{"introducao":"Leitura cristológica aplica o versículo à pessoa e obra de Cristo e à prática eclesial.","conexao":"Cristo identificou-se com os sofredores e ensinou compaixão ativa; este versículo lembra que o corpo sofrido merece cuidado, ecoando a pastoral cristã que Jesus exemplificou."}}